01/12/2008

Ensaio sobre o amor, ódio e indiferença.


Tratamos mal quem nos trata mal. Desprezo é para inimigos e invejosos. E ninguém que ama de verdade consegue ter conforto quando isso vem do outro lado. O contrário do bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é ódio. Faça uma enquete entre adultos e descubra que a resposta correta é indiferença. Isso mesmo. o contrário de amor é a indiferença.

O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a te odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. A indiferença, por sua vez, não aceita declarações ou reclamações. Seu nome simplesmente não consta mais no cadastro.

Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas no rosto e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, precisamos dele nem que seja para dedicar-lhe todo o nosso rancor, ira, a nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouquíssimo humor para aturá-lo. O ódio se tivesse uma cor, seria vermelho, como o amor.

Já para sermos indiferentes a alguém precisamos de quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bungee jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada. A indiferença é um exílio no deserto.
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Sim, demorou. Mea culpa.
Mas estou de volta! Àqueles que ainda não conheço, muito prazer. Às amigas calcinhas, desculpem a ausência e saudades de vocês.

6 comentários:

suavesencantos disse...

Oi comecei a ler o blog de vcs há poucos dias,gostei daqui.
sobre seu post,sabe eu penso q qnd amamos uma pessoa, e ela é indiferente a nossa presença,dói mil vezes mais do q se ela nos odiasse,exatamente pq ódio dispende perder tempo p se preocupar em atingie o outro de alguma forma,já a indiferença não,o nome por si só já diz tudo,ou seja a pessoa tá nem ai.
mas qnd uma pessoa nos faz mal,p mim o melhor q eu faço é ser indiferente a ela,simplesmente ela deixa de existir e pronto,é melhor assim.

bjus.

A Madrasta Má disse...

Sabe, antes eu tratava mal, agora aprendi.... apenas deixo de tratar, a indiferença é pior... esta sim dói mais no outro... acho que ser indiferente é deixar o tempo guiar as coisas! Bjinhos da Madrasta!

Marcia disse...

Bem vinda de volta, estava fazendo falta! Bjs

Juliany Alencar disse...

Oi Calcinha bege, tudo bem?

Adorei esse post. Realmente, a indiferença é muito pior. É horrível quando alguém simplesmente ignora outra. Não sei nem explicar...

Anônimo disse...

Olá! Vim ler este post porque procurava a opinião quanto ao "ódio" versus "indiferença". Concordei com tudo o que foi escrito, mas aplicaria isso também ao "amor da amizade". É fácil desapontarmo-nos com um amigo e perguntarmo-nos "que lhe fiz de mal para ele me querer prejudicar?!". É uma virtude quando conseguimos ignorar alguém que nos tenta magoar ou prejudicar. Assim, não vamos sofrer mais com os "ataques" dela e ainda vamos ver irritada. Ser indiferente a quem nos faz mal, é fazer bem a nós próprios: reduzimos a angustia!

S.Bernardelli disse...

Raphaela
Adorei o texto "Ensaio sobre o amor, ódio e indiferença". Muito lindo e verdadeiro, então resolvi copiá-lo para que pudesse fazer um pps divulgando o seu trabalho. Gostaria que vc entrasse em contato comigo - sbernardelli52@gmail.com para que eu possa enviar a vc o pps assim que tiver pronto.
Um forte abraço da poeta.
S.Bernardelli